Lições da crise para o investidor jamais esquecer.


O texto abaixo, escrito por Anderson Lueders, merece ser lido e relido de tempos em tempos, a fim de consolidar em nossa mente a importância de saber o momento certo de entrar e sair do mercado.

Durante o período de crise, tivemos, certamente, o que foi a oportunidade da década para investir em diversas ações. Chamo a sua atenção para aspectos relevantes e que devem servir para toda a vida do investidor. Isto certamente será importante quando a sinfonia do desespero voltar no futuro a tocar durante os pregões da bolsa:

Pessimismo é o maior aliado do investidor de longo prazo! Esta frase deve ser gravada na memória para sempre. Vamos voltar 12 meses no tempo para entender melhor isto, agora que ele vai dando vez a um otimismo moderado.

Em setembro de 2008, o mundo assistiu estarrecido a sucessivas possibilidades de quebra de grandes bancos americanos, empresas do setor imobiliário e até mesmo tradicionais blue chips do setor industrial. Você ligava a televisão, assistia qualquer dos jornais que tratassem de economia e tinha um só sentimento: O mundo acabou! Fuja enquanto há tempo!

Especialistas foram consultados e a orientação predominante era: fique fora daqui! Foram seguidos dias de acionamento de circuit brakers no Brasil e em outras partes do mundo. As ações estavam parecendo opções e virando pó, como se diz neste mercado.

No entanto, investidores que se desligaram do noticiário e se mantiveram firmes em lições históricas de grandes investidores, como Benjamim Graham, estavam eufóricos, consultando os indicadores fundamentalistas das empresas e se saboreando da profusão de pechinchas que surgiam dia a dia. Tinha para todos os gostos. Aquelas oportunidades que pareciam só existir em livros estavam lá, aos montes.

Ativos negociados abaixo do valor disponível em caixa, empresas que projetavam mais de 25% de dividendos ao ano (confirmado mesmo durante a crise) e alguns absurdos como bancos e construtoras bem administradas custando até mesmo 30% do valor patrimonial. Afinal, estávamos no Brasil ou nos Estados Unidos? Será que os menos de 4% do PIB em crédito imobiliário que temos por aqui iria desestabilizar o sistema brasileiro? Onde era a alavancagem de mais de 20 vezes o capital em empréstimos? No pânico, poucos parecem ter pensado nisto.

Novamente, o mundo virou. E agora que a promoção compre 1, leve 3 das ações está findando, você está sendo maciçamente convidado para entrar no mercado. Setores antes abominados têm seus relatórios de análise hoje começando da seguinte forma: Veja bem (…). É, veja bem mesmo, porque quanto mais o pessimismo se afasta, mais o seu risco aumenta. Parece incrível, mas neste momento a análise da diferença entre preço e valor indica o seguinte: alguns preços já subiram mais de 400% e o valor certamente não acompanhou nem ¼ disto.

Agora, ao ligar o noticiário de economia, em quaisquer dos meios de comunicação, uma nova onda toma conta do mercado: Não fique fora! Sei lá quem abandona tudo para viver do mercado… Surgem as primeiras projeções de bolsa a trocentos mil pontos, em substituição àquelas em que o índice ira passar do chão. As diferenças de projeções, apenas 1 ano depois das previsões apocalípticas passam de arrepiantes 2.000%.

E que diferença faz hoje para quem comprou no olho do furacão? Simples, vários estão com pelo menos o dobro do capital utilizado para este intento. Capital este que estava na renda fixa aguardando por grandes oportunidades. Agora, pode recompor a renda fixa aos poucos e manter no mínimo o mesmo capital inicialmente investido.

Estará, então, aproveitando eventual aumento de longo prazo do vigor da economia brasileira, o que se reflete nos preços das ações a longo prazo e ao mesmo tempo preparado para eventual X, Y, W, Z, U ou que letra for a recuperação da economia mundial.

Portanto, tentar prever o futuro certamente não é o melhor caminho para o sucesso do investimento em ações. Adaptar-se às circunstâncias, aproveitar as pechinchas com foco nos indicadores fundamentalistas e realizar lucros quando as ações ficam caras independentemente do que a massa lhe manda fazer pode sim trazer resultados muito superiores.

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