Perspectiva para 2009


O ano de 2009 trará a tona como ficaram os resultados do último trimestre de 2008, em que houve fortes mudanças nos cenários de custos e receitas de diversas companhias classificadas como small caps.
As quedas abruptas de preços causadas especialmente pela saída às pressas de investidores estrangeiros trouxeram novas oportunidades. Muitas ações despencaram mais de 80% durante o ano de 2008. Não se pode esquecer que a atratividade do investimento é afetada pelo preço das ações e a relação disto com o lucro das empresas. Se o preço despenca 80% e o lucro cai uns 40%, e há sinais de que não deverá prosseguir a queda da lucratividade, significa que a oportunidade melhorou e não o contrário.
Entre os setores que podem estar na situação em que os preços caíram muito mais que os resultados empresarias destacam-se o segmento de bancos médios e o de construtoras menores. No caso dos bancos médios, é provável que haverá queda dos lucros decorrentes do empoçamento da liquidez nos grandes bancos e eventual aumento da inadimplência em virtude do arrefecimento da atividade econômica. No entanto, parte disto será compensado pelo aumento do já considerável spread nas operações bancárias realizadas no país e tais bancos têm sido negociado com Preço/Lucro abaixo de 3 e Preço /Valor Patrimonial inferior a 0,5.

No que toca às construtoras de menor porte, o investidor deve privilegiar aquelas que mantiveram caixa suficiente para realizar os projetos iniciados sem ter que recorrer a financiamentos mais onerosos durante o ano de 2008. A seleção deve verificar aquelas que possuem boa velocidade de vendas e mantiveram postura cautelosa nos lançamentos de empreendimentos imobiliários. Algumas negociam com Preço/Lucro abaixo de 4, Preço/Valor Patrimonial menor que 0,5 e ainda possuem posição de caixa superior às dívidas.
As empresas em geral que possuem boa disponibilidade de caixa e baixo endividamento serão menos afetadas pela restrição de liquidez e terão este diferencial para enfrentar a queda da atividade econômica, pois não precisam de financiamento de terceiros para produzir e ainda podem financiar alguns clientes com prazos de pagamento maiores. A seleção inicial destas companhias pode começar pelo Enterprice Value (valor de mercado + dívida líquida) dividido pelo Ebit.

O setor têxtil historicamente reclama que o Real fraco prejudica bastante a competição do produto nacional tanto internamente, como no comércio externo. A valorização do dólar beneficia as empresas do segmento, ao incentivar a substituição de importações e melhorar as margens nas exportações. O segmento possui algumas small caps desprezadas pelo mercado.
O investidor que busca mais segurança deve manter maior posição nas companhias que possuem preços regulados pelo Governo, com demanda e fluxo de caixa mais previsíveis, como o setor elétrico, telefonia e saneamento. A seleção pode se dar entre aquelas que pagam bons dividendos decorrentes de resultados operacionais. Tais companhias costumam ter dívidas de longo prazo atreladas a indexadores mais baratos como TJLP e TR e pouca exposição cambial. Pelo lado da receita, a demanda não é tão elástica de acordo com a atividade econômica e costuma ser repassada ao consumidor a inflação acumulada.
Serão beneficiadas no atual cenário as companhias com custos em Reais, especialmente se influenciados pelos preços das commodities e que tenham receitas em Dólar, como algumas companhias do segmento industrial, mas sempre observando como ficará a demanda por seus produtos.

Por fim, é interessante monitorar as empresas que tiveram pesados prejuízos contábeis no terceiro trimestre de 2008, o que certamente foi intensificado no último. Algumas destas companhias, apesar do impacto de curto prazo, poderão ser beneficiadas no médio e longo prazo, notadamente aquelas que exportam parte relevante da produção. Deve-se observar, quando ocorrer a estabilização do câmbio entre um trimestre e outro, como as margens se comportaram e como estariam os resultados expurgando os efeitos contábeis da dívida cambial em que não houve efetivo desembolso de caixa. Tais empresas representam maiores riscos e por isso o potencial de valorização em caso de êxito é bastante superior ao de companhias mais seguras, cujos preços caíram menos desde o início da crise. Há diversas empresas do setor de alimentos e de veículos nesta situação.

Fonte: ADVFN

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