Mineração não se resume a Vale: small caps do setor podem ser promissoras


SÃO PAULO - Segunda maior mineradora do mundo, maior companhia privada do Brasil, lucro líquido recorde de cerca de R$ 20 bilhões no ano passado. Tais números são apenas alguns que circundam a Vale, talvez tão impressionantes quanto as perspectivas favoráveis que se projetam à empresa nos próximos anos. Mas a despeito de tamanho gigantismo, suas ações vêm decepcionando em 2008.


Tomando por base a cotação de fechamento da última quarta-feira, os papéis preferenciais classe A da Vale acumulam neste ano uma desvalorização de 2,81%, contrariando o consenso otimista formado no mercado acerca de seu crescimento. Para muitos analistas, tal penalização encontra respaldo na recente queda do preço do níquel e no nebuloso noticiário de possíveis aquisições.


Desta forma, ainda que no médio e longo prazo os ativos da mineradora permaneçam intocavelmente promissores, o mesmo não se pode afirmar quanto a retornos imediatos. "De fato, o papel vem sofrendo, caminhando de lado com as incertezas em torno dos rumores de novas investidas no mercado e da operação de oferta pública de ações", afirma Eduardo Roche, analista da Modal Asset.


Nesse sentido, para aqueles de olho setor de mineração e que não dispõem de tanto tempo para assistir o retorno da sobreposição dos fundamentos sobre a pontualidade dos acontecimentos, uma boa pedida pode ser atentar para as outras mineradoras brasileiras, menos conhecidas, mas que também desfrutam de boas perspectivas de expansão. "Tais papéis são uma boa alternativa de diversificação da carteira", sugere Roche.


MMX: a novata que promete - A começar pela estreante na bolsa, a MMX parte do grupo corporativo EBX, detido pelo bilionário Eike Batista. Na leitura de Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, a companhia agrada na medida que vem correspondendo às projeções do mercado quanto ao seu crescimento, a despeito dos entraves que lhe são inerentes devido ao fato de ser uma empresa relativamente nova, criada em 2005, como obtenção de licenças ambientais e necessidade de massivos investimentos em infra-estrutura.


Outro elemento, destacado por Roche, é o foco de atuação da MMX, quase totalmente destinado à exploração e comercialização do minério de ferro, cujo preço no mercado internacional segue em alta. "Ainda que a Vale atue primariamente também no minério, seus negócios vêm sendo diversificados em direção a commodities um pouco mais duvidosas no curto prazo, como o níquel", afirma o analista.


Mas o grande destaque no que diz respeito à MMX fica mesmo para a recente venda de participação ao grupo Anglo American. Extremamente elogiada na época, a operação foi considerada positiva aos acionistas da empresa devido ao expressivo valor firmado, e continua arrancando elogios por parte dos analistas, como Roche, que vê com bons olhos o processo de reestruturação interna.


Magnesita impressiona - Outra alternativa que se mostra atraente ao investidor de olho nas small caps do setor é a Magnesita, cujos papéis ordinários acumulam neste ano uma assombrosa valorização superior a 171%. E na opinião dos analistas do Credit Suisse, ainda há espaço para maiores altas, visto o potencial de expansão da companhia, que atua no extremamente fragmentado setor de refratários.


"O mercado de atuação da Magnesita é único, com ótimas perspectivas de crescimento, dado o bom momento vivido pela siderurgia no mundo", afirma Galdi, em visão compartilhada pela equipe do Credit Suisse. "Ainda mais com a recente mudança de controlador, com o qual a companhia deve começar a mostrar melhores resultados trimestrais", reitera.


Confira o desempenho dos dois papéis frente à performance dos ativos da Vale neste ano:






"Tudo depende do perfil" - Embora os elogios às empresas sejam muitos, atenção. "Os papéis são muitos interessantes, mas tudo depende do perfil do investidor", alerta Roche, para quem a aposta nas small caps compensa apenas para aqueles que querem fugir das turbulências pelas quais passam os ativos da Vale no momento, com foco nas operações de curto prazo.


Em um espaço de tempo mais dilatado, os fundamentos da Vale devem voltar a se sobressair sobre quaisquer incertezas atuais e passageiras, presenteando os papéis da blue chip com novas altas. "As ações da Vale podem estar sofrendo no momento, mas quando acordam, acordam para valer", afirma Galdi, otimista quanto à mineradora devido à sua estratégia de crescimento nos mercados asiáticos.


Fonte: UOL


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